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A escolha do Dativ ou do Akkusativ gera muita d\u00favida em falantes de l\u00ednguas como o portugu\u00eas e espanhol. Este tema tem causado dificuldades mesmo em alunos que j\u00e1 estudaram alem\u00e3o por anos. Ap\u00f3s anos de estudo e aprendizado de vocabul\u00e1rio, muitos continuam a ter d\u00favidas sobre como usar essas declina\u00e7\u00f5es ou mesmo o que s\u00e3o declina\u00e7\u00f5es e para que elas servem. Este \u00faltimo cen\u00e1rio ainda n\u00e3o \u00e9 o pior cen\u00e1rio: muitos abandonam completamente e decidem que podem falar alem\u00e3o sem declina\u00e7\u00f5es, algo como \u201cjogar a toalha\u201d e \u201cchutar o pau da barraca\u201d ao mesmo tempo.<\/span><\/p>\n Infelizmente, a tem\u00e1tica das declina\u00e7\u00f5es em alem\u00e3o \u00e9 muito mal ensinada e estudada, o que termina por gerar d\u00favidas e produzir estes efeitos em quem est\u00e1 aprendendo alem\u00e3o. Muitos s\u00e3o ensinados, por exemplo, que o Dativ seria como nosso objeto indireto do portugu\u00eas e o Akkusativ seria como nosso objeto direto. Este \u00e9 um erro pedag\u00f3gico grave por pelo menos dois motivos.\u00a0<\/span><\/p>\n O primeiro motivo \u00e9 que esta compara\u00e7\u00e3o n\u00e3o \u00e9 poss\u00edvel: o alem\u00e3o tem tr\u00eas tipos de objeto (quatro tipos se incluirmos o Genitivobjekt, s\u00f3 usado agora na alta literatura), enquanto o portugu\u00eas tem apenas dois tipos de objeto. O alem\u00e3o tem o Dativobjekt, o Akkusativobjekt e o Pr\u00e4positionalobjekt. O portugu\u00eas tem o objeto indireto e o objeto direto. N\u00e3o h\u00e1 como fazermos esta compara\u00e7\u00e3o entre o alem\u00e3o e o portugu\u00eas s\u00f3 por este fato n\u00famerico.<\/span><\/p>\n O segundo motivo \u00e9 que esta compara\u00e7\u00e3o passa a mensagem para quem est\u00e1 estudando que \u00e9 poss\u00edvel fazer uma compara\u00e7\u00e3o direta entre l\u00ednguas que t\u00eam um sistema de declina\u00e7\u00f5es e l\u00ednguas que n\u00e3o t\u00eam, sem a necessidade de entendermos a l\u00f3gica por tr\u00e1s de um sistema de declina\u00e7\u00e3o. Infelizmente, isto tamb\u00e9m n\u00e3o \u00e9 poss\u00edvel e s\u00f3 leva ao erro e confus\u00e3o no m\u00e9dio e longo prazos.<\/span><\/p>\n Se quisermos estudar o alem\u00e3o, que \u00e9 uma l\u00edngua declinada, precisamos entender o que \u00e9 uma declina\u00e7\u00e3o e para que ela serve. Esta deve ser a pergunta prim\u00e1ria. Temos que entender a l\u00f3gica geral da declina\u00e7\u00e3o, para depois entrarmos no alem\u00e3o e introduzirmos esta l\u00edngua declinada em nossos c\u00e9rebros, que agora j\u00e1 entende a l\u00f3gica por tr\u00e1s de um sistema de declina\u00e7\u00e3o e qual sua utilidade na comunica\u00e7\u00e3o. Ao termos este entendimento pr\u00e9vio, o alem\u00e3o ser\u00e1 muito mais facilmente digerido, digamos assim.<\/span><\/p>\n J\u00e1 afirmo de antem\u00e3o que n\u00e3o ser\u00e1 uma tarefa f\u00e1cil interiorizar as regras de quando usar um dativo e de quanto usar um acusativo, pelo simples fato de antes termos que entender para que utilizamos declina\u00e7\u00f5es. De uma maneira geral, um sistema de declina\u00e7\u00f5es causar\u00e1 dificuldades para um falante nativo de uma l\u00edngua que n\u00e3o tem um sistema an\u00e1logo. O portugu\u00eas n\u00e3o tem declina\u00e7\u00e3o, apenas resqu\u00edcios de um sistema antigo proveniente do latim, mas o alem\u00e3o tem um sistema de declina\u00e7\u00f5es at\u00e9 hoje, e isso nos causar\u00e1 dificuldades.<\/span><\/p>\n Antes de entrarmos propriamente no alem\u00e3o, antes de tentarmos entender quando devemos usar um Dativ ou um Akkusativ, devemos tentar \u201cpegar o esp\u00edrito da coisa\u201d, precisamos entender o que \u00e9 um sistema de declina\u00e7\u00e3o e para que ele serve. H\u00e1 diversas l\u00ednguas com um sistema robusto de declina\u00e7\u00e3o, como o alem\u00e3o, o russo, o h\u00fangaro, o finland\u00eas, o island\u00eas, latim cl\u00e1ssico, grego cl\u00e1ssico, s\u00e2nscrito, etc. A pr\u00f3pria l\u00edngua proto-indo-europeia, a l\u00edngua ancestral hipot\u00e9tica da grande maioria das l\u00ednguas europeias, era uma l\u00edngua com um sistema de declina\u00e7\u00e3o. O portugu\u00eas tem resqu\u00edcios de declina\u00e7\u00e3o, com forte tend\u00eancia de perd\u00ea-la ao longo do tempo, mostrando que nossa l\u00edngua \u00e9 proveniente de uma l\u00edngua com declina\u00e7\u00f5es.<\/span><\/p>\n Para exemplificar o que \u00e9 uma declina\u00e7\u00e3o, vamos analisar alguns exemplos do portugu\u00eas mesmo. Vejamos estas frases:<\/span><\/p>\n <\/p>\n Eu<\/b> vi seu pai ontem no shopping<\/span><\/span><\/p>\n Seu pai <\/span>me <\/b>viu ontem no shopping<\/span><\/span><\/p>\n <\/p>\n Ele n\u00e3o gosta de <\/span>mim<\/b><\/span><\/p>\n Ele <\/b>quer viajar para a Alemanha s\u00f3 no pr\u00f3ximo ano<\/span><\/span><\/p>\n <\/p>\n Eu vi <\/span>ele <\/b>no parque ontem \/ Eu <\/span>o <\/b>vi no parque ontem<\/span><\/span><\/p>\n Todos est\u00e3o falando sobre <\/span>ele<\/b><\/span><\/p>\n <\/p>\n Todos <\/span>n\u00f3s <\/b>queremos modernizar o Brasil<\/span><\/span><\/p>\n Eles <\/span>nos <\/b>enviaram uma proposta razo\u00e1vel<\/span><\/span><\/p>\n Eles n\u00e3o gostam de <\/span>n\u00f3s<\/b><\/span><\/p>\n <\/p>\n No primeiro trio de exemplos, podemos observar as diferentes formas para a primeira pessoa do singular. Quando o pronome de primeira pessoa do singular \u00e9 o sujeito da ora\u00e7\u00e3o, usamos a forma \u201c<\/span>eu<\/b>\u201d. Quando ele se torna objeto direto, passamos a usar a forma \u201c<\/span>me<\/b>\u201d. Se ele for um objeto precedido de preposi\u00e7\u00e3o, usamos a for<\/span>ma \u201c<\/span>mim<\/b>\u201d. Essas seriam as declina\u00e7\u00f5es desse pronome pessoal, heran\u00e7a das formas \u201cego\u201d, \u201cm\u0113\u201d e \u201cmihi\u201d do latim cl\u00e1ssico, que seriam o nominativo, o acusativo e o dativo. No latim, ainda ter\u00edamos as formas \u201cme\u012b\u201d e \u201cm\u0113\u201d, que seriam o genitivo e o ablativo.\u00a0<\/span><\/span><\/p>\n No segundo trio de exemplos, podemos observar a tend\u00eancia de queda desse sistema de declina\u00e7\u00e3o em outros pronomes, como o de terceira pessoa do singular. J\u00e1 n\u00e3o falamos mais \u201ceu o vi\u201d, sendo a forma \u201ceu vi ele\u201d muito mais corriqueira e comum. Ou seja, as declina\u00e7\u00f5es de \u201cele\u201d e \u201cela\u201d, que seriam as formas \u201co\u201d, \u201ca\u201d e \u201clhe\u201d n\u00e3o est\u00e3o sendo usadas com vigor pelos falantes. Talvez nos pr\u00f3ximos <\/span>s\u00e9culos, o portugu\u00eas venha a se tornar uma l\u00edngua completamente sem declina\u00e7\u00f5es, uma l\u00edngua puramente anal\u00edtica, em que s\u00f3 a posi\u00e7\u00e3o do elemento dir\u00e1 se este elemento \u00e9 sujeito ou se \u00e9 objeto.<\/span><\/span><\/p>\n Tamb\u00e9m podemos observar que, embora tenhamos uma forma para sujeito e duas formas para objeto no caso do pronome pessoal de primeira pessoa, n\u00e3o temos essa mesma estrutura para outros potenciais sujeitos e objetos em uma ora\u00e7\u00e3o. O que h\u00e1 no portugu\u00eas s\u00e3o resqu\u00edcios de declina\u00e7\u00e3o, resqu\u00edcios que afetam apenas alguns dos pronomes pessoais, mas n\u00e3o todos os substantivos, adjetivos, artigos, etc. Ou seja, n\u00e3o temos um sistema de declina\u00e7\u00f5es de fato, o que temos s\u00e3o apenas resqu\u00edcios. Por exemplo, vejamos as seguintes frases:<\/span><\/p>\n <\/p>\n O pai<\/b> ajudou <\/span>o filho<\/b><\/span><\/span><\/p>\n O filho<\/b><\/span> ajudou <\/span>o pai<\/b><\/span><\/p>\n <\/p>\n Meu vizinho<\/b> viu <\/span>meu pai<\/b><\/span> ontem na rua<\/span><\/span><\/p>\n Meu pai<\/b><\/span> viu <\/span>meu vizinho<\/b> ontem na rua<\/span><\/span><\/p>\n <\/p>\n Quando observamos os exemplos acima, conclu\u00edmos que o portugu\u00eas n\u00e3o difere na forma dos substantivos ou dos artigos ou dos possessivos, para mostrar que tal elemento \u00e9 sujeito e tal elemento \u00e9 objeto. No primeiro par de frases, usamos a mesma forma \u201co pai\u201d tanto quando este elemento \u00e9 o sujeito quanto quando ele \u00e9 o objeto da ora\u00e7\u00e3o. No segundo par de frases, a mesma situa\u00e7\u00e3o: a forma \u201cmeu vizinho\u201d \u00e9 a mesma quando ele \u00e9 sujeito ou objeto. S\u00f3 a posi\u00e7\u00e3o que muda. Quando sujeito, colocamos antes do verbo. Quando objeto, colocamos depois do verbo. O portugu\u00eas fixa a ordem Sujeito+Verbo+Objeto por falta de um sistema robusto de declina\u00e7\u00e3o. Se houvesse uma forma espec\u00edfica para cada situa\u00e7\u00e3o, poder\u00edamos ter mais liberdade na posi\u00e7\u00e3o das palavras. Vejamos como seria o primeiro par de frases em uma l\u00edngua como o latim cl\u00e1ssico:<\/span><\/p>\n <\/p>\n Pater <\/b>filium<\/span> <\/b>juvat<\/span><\/span><\/p>\n Patrem <\/b>filius<\/span> <\/b>juvat\u00a0\u00a0\u00a0<\/span><\/span><\/p>\n <\/p>\n No latim, quando \u201cpai\u201d est\u00e1 exercendo a fun\u00e7\u00e3o de sujeito, ele fica declinado no nominativo, cuja forma \u00e9 \u201cpater\u201d. Se for objeto acusativo, passa a ser usada a forma \u201cpatrem\u201d. Analogamente, quando \u201cfilho\u201d \u00e9 o sujeito, usamos a forma nominativa \u201cfilius\u201d. Se for um objeto acusativo, passamos a usar a forma \u201cfilium\u201d. Ou seja, o latim tem um sistema de declina\u00e7\u00f5es que obriga o falante a usar formas distintas dos substantivos, possessivos, demonstrativos, adjetivos e pronomes, a depender da fun\u00e7\u00e3o sint\u00e1tica do elemento, se \u00e9 um sujeito ou se \u00e9 um objeto. Sendo objeto, \u00e9 importante analisar qual tipo de objeto se trata. H\u00e1 tamb\u00e9m declina\u00e7\u00f5es que informam outras rela\u00e7\u00f5es gramaticais, como o Genitiv que \u00e9 usado para informar quem \u00e9 o possuidor em uma rela\u00e7\u00e3o de posse-possuidor. Vejamos os mesmos exemplos dados em latim em uma l\u00edngua como o alem\u00e3o:<\/span><\/p>\n <\/p>\n Der Vater<\/b> hilft <\/span>dem Sohn<\/b><\/span><\/span><\/p>\n Der Sohn<\/b><\/span> hilft <\/span>dem Vater<\/b><\/span><\/p>\n <\/p>\n Podemos observar que, nestes exemplos, o alem\u00e3o s\u00f3 modifica o artigo para transmitir a informa\u00e7\u00e3o de que se trata de um sujeito ou se trata de um objeto, enquanto o latim declinava o substantivo de fato. Quando sujeito, o substantivo masculino singular \u201cVater\u201d \u00e9 precedido pela forma \u201cder\u201d. Quando objeto, neste caso um objeto dativo, passamos a usar a forma \u201cdem\u201d. Se estivesse sendo utilizado como um objeto acusativo, usar\u00edamos a forma \u201cden\u201d. N\u00e3o declinamos os substantivos \u201cVater\u201d e \u201cSohn\u201d no acusativo ou no dativo, declinamos apenas o que acompanha estes substantivos, seja um artigo, um possessivo, um demonstrativo, e por a\u00ed vai. H\u00e1 substantivos em alem\u00e3o que ainda declinam no acusativo e no dativo singular (como os substantivos da N-Deklination ou os substantivos provenientes de adjetivos). Em algumas declina\u00e7\u00f5es, exige-se uma declina\u00e7\u00e3o do substantivo tamb\u00e9m, como no Dativ Plural, em que acrescentamos um \u201c_n\u201d ao final do substantivo que est\u00e1 no dativo plural, ou no Genitiv Singular dos substantivos masculinos e neutros, em que acrescentamos um \u201c_(e)s\u201d ao final do substantivo que est\u00e1 no genitivo. Vejamos mais alguns exemplos:\u00a0\u00a0<\/span><\/p>\n <\/p>\n Mein Nachbar<\/b> hat gestern <\/span>meinen Vater<\/b><\/span> auf der Stra\u00dfe gesehen.<\/span><\/span><\/p>\n Mein Vater<\/b><\/span> hat gestern <\/span>meinen Nachbarn<\/b> auf der Stra\u00dfe gesehen.<\/span><\/span><\/p>\n <\/p>\n Er hat <\/span>den Kindern<\/b> geholfen.<\/span><\/span><\/p>\n In <\/span>diesen Autos<\/b> sitzen wir bequem.<\/span><\/span><\/p>\n <\/p>\n Das Vater <\/span>meines Vaters<\/b> ist mein Gro\u00dfvater.<\/span><\/span><\/p>\n Die Stra\u00dfen <\/span>dieser Stadt<\/b> ist dunkel.<\/span><\/span><\/p>\n \u00a0<\/span><\/p>\n No primeiro par de exemplos, podemos observar que \u201cmein\u201d \u00e9 usado quando estamos diante de um sujeito e \u201cmeinen\u201d \u00e9 usado com um objeto acusativo. Tamb\u00e9m podemos observar que o substantivo \u201cVater\u201d n\u00e3o declina no acusativo, mas o substantivo \u201cNachbar\u201d tem uma forma acusativa, j\u00e1 que se trata de um substantivo da N-Deklination.\u00a0<\/span><\/p>\n No segundo par de exemplos, podemos observar \u201cden Kindern\u201d recebendo um \u201c_n\u201d ao final por estar no dativo plural. Este \u201c_n\u201d n\u00e3o deve ser acrescentado em substantivos cujo plural seja com \u201c_s\u201d como \u201cAutos\u201d, \u201cKinos\u201d, etc. S\u00e3o poucas palavras em alem\u00e3o que recebem um plural com \u201c_s\u201d.<\/span><\/p>\n No terceiro par de exemplos, podemos observar o genitivo masculino singular \u201cmeines Vaters\u201d, com o acr\u00e9scimo do \u201c_s\u201d ao final do substantivo \u201cVater\u201d e o genitivo feminino singular \u201cdieser Stadt\u201d sem o \u201c_s\u201d ao final de \u201cStadt\u201d, j\u00e1 que esta \u00e9 uma palavra feminina.<\/span><\/p>\n Agora que j\u00e1 analisamos alguns exemplos de frases com declina\u00e7\u00f5es, incluindo senten\u00e7as em portugu\u00eas, estamos prontos para responder \u00e0 seguinte pergunta: qual \u00e9 o esp\u00edrito da declina\u00e7\u00e3o? De uma forma geral, o esp\u00edrito da declina\u00e7\u00e3o \u00e9 usar a morfologia nominal, ou seja, formas nominais espec\u00edficas para informar o interlocutor sobre quem \u00e9 o sujeito e quem \u00e9 o objeto da ora\u00e7\u00e3o, ou seja, quem praticou a a\u00e7\u00e3o e quem sofreu a a\u00e7\u00e3o. Tamb\u00e9m podemos usar este sistema para informar rela\u00e7\u00f5es entre nomes, como a rela\u00e7\u00e3o de posse-possuidor. Em l\u00ednguas como o portugu\u00eas, a informa\u00e7\u00e3o sobre quem praticou e quem recebeu a a\u00e7\u00e3o est\u00e1 na ordem dos elementos da ora\u00e7\u00e3o. Fixamos uma ordem Sujeito+Verbo+Objeto e com essa fixa\u00e7\u00e3o conseguimos transmitir a informa\u00e7\u00e3o de quem \u00e9 sujeito e de quem \u00e9 objeto sem a necessidade de formas distintas nos substantivos, artigos, possessivos, demonstrativos, etc. Para as rela\u00e7\u00f5es de posse-possuidor, usamos a preposi\u00e7\u00e3o \u201cde\u201d, como em senten\u00e7as do tipo \u201co carro <\/span>de <\/b>meu vizinho quebrou\u201d.<\/span><\/span><\/p>\n Por outro lado, em l\u00ednguas declinadas como o alem\u00e3o, a informa\u00e7\u00e3o de se um elemento faz ou recebe a a\u00e7\u00e3o est\u00e1 na morfologia dos artigos, dos possessivos, dos demonstrativos, etc. e eventualmente tamb\u00e9m na morfologia dos substantivos. Essa riqueza morfol\u00f3gica do alem\u00e3o nos d\u00e1 a liberdade de colocar o sujeito antes ou depois do verbo, pois a informa\u00e7\u00e3o de que o elemento \u00e9 sujeito n\u00e3o est\u00e1 na ordem dos elementos na ora\u00e7\u00e3o, mas sim na pr\u00f3pria forma dos artigos, possessivos, demonstrativos, etc. e eventualmente dos substantivos. Vejamos estas senten\u00e7as:<\/span><\/p>\n <\/p>\n Der Vater<\/b> hilft <\/span>dem Sohn.<\/b><\/span><\/p>\n Dem Sohn<\/b> hilft <\/span>der Vater.<\/b><\/span><\/p>\n <\/p>\n As duas frases acima s\u00e3o traduzidas para o portugu\u00eas por \u201co pai ajuda o filho\u201d. Temos a liberdade de colocar \u201cder Vater\u201d tanto antes quanto depois do verbo porque a posi\u00e7\u00e3o \u00e9 irrelevante para transmitir essa informa\u00e7\u00e3o, que \u00e9 transmitida pelo pr\u00f3prio uso do artigo \u201cder\u201d. S\u00f3 usamos \u201cder\u201d diante de substantivos masculinos singular que estejam exercendo a fun\u00e7\u00e3o de sujeito, portanto podemos colocar o substantivo precedido por \u201cder\u201d tanto antes quanto depois do verbo que o interlocutor ir\u00e1 entender quem praticou \u00e9 quem sofreu a a\u00e7\u00e3o.<\/span><\/p>\n Agora que estamos familiarizados com o esp\u00edrito da declina\u00e7\u00e3o, agora que j\u00e1 sabemos o que \u00e9 uma declina\u00e7\u00e3o e qual a estrat\u00e9gia utilizada pelas l\u00ednguas que adotam esse sistema para informar quem praticou e quem sofreu a a\u00e7\u00e3o, vamos \u00e0 quest\u00e3o principal deste artigo: quando usar o Dativ e quando usar o Akkusativ?<\/span><\/p>\n Primeiramente, precisamos entender quais s\u00e3o elementos da ora\u00e7\u00e3o que requerem declina\u00e7\u00e3o: todos os verbos; todas as preposi\u00e7\u00f5es; alguns adjetivos; e alguns substantivos. Para cada um desses elementos, precisamos memorizar e aplicar regras espec\u00edficas. O principal problema ocorre quando n\u00e3o entendemos que existem os elementos que exigem e os elementos que recebem a declina\u00e7\u00e3o. Outro problema \u00e9 imaginar que existem regras que sejam aplic\u00e1veis a todos eles. Por \u00faltimo, outro grande problema, talvez o maior de todos, \u00e9 fazer compara\u00e7\u00f5es com o portugu\u00eas do tipo o dativo sendo um objeto indireto e o acusativo sendo o objeto direto das l\u00ednguas que n\u00e3o t\u00eam um sistema de declina\u00e7\u00e3o.<\/span><\/p>\n Como explicamos no in\u00edcio, a compara\u00e7\u00e3o entre dativo\/acusativo e objeto indireto\/direto n\u00e3o se aplica pelo simples fato de o alem\u00e3o tamb\u00e9m ter seus objetos indiretos, que as gram\u00e1ticas de alem\u00e3o chamam de objetos preposicionados, por serem precedidos por preposi\u00e7\u00e3o, an\u00e1logos aos nossos objetos indiretos. O alem\u00e3o tem 3, talvez 4, tipos de objetos: objeto acusativo; objeto dativo; objeto preposicionado; objeto genitivo (este \u00faltimo usado apenas na literatura formal). N\u00e3o temos como fazer uma compara\u00e7\u00e3o biun\u00edvoca entre o alem\u00e3o e o portugu\u00eas pelo simples fato de haver 3 objetos por l\u00e1, enquanto temos apenas 2 em portugu\u00eas.<\/span><\/p>\n Portanto, o aluno e o professor de alem\u00e3o precisam focar seus esfor\u00e7os em identificar (e depois automatizar) os elementos que pedem declina\u00e7\u00e3o e aplicar as regras adequadas para mudar a morfologia dos elementos que recebem a declina\u00e7\u00e3o. Quais elementos exigem declina\u00e7\u00e3o? Esta deve ser a primeira pergunta. Quais elementos recebem declina\u00e7\u00e3o? Esta deve ser a segunda pergunta. Por \u00faltimo, basta aplicar as regras adequadas.<\/span><\/p>\n Quais elementos exigem declina\u00e7\u00e3o? Verbos; preposi\u00e7\u00f5es; alguns substantivos; alguns adjetivos. Quais elementos recebem declina\u00e7\u00e3o? Artigos, possessivos, demonstrativos, adjetivos (quando est\u00e3o ao lado do substantivo), alguns substantivos (resqu\u00edcios de uma \u00e9poca em que o alem\u00e3o declinava tamb\u00e9m os substantivos); pronomes pessoais; pronomes relativos; pronomes objeto (welch_; ein_; kein_); pronomes interrogativos (com exce\u00e7\u00e3o de wo, wohin e woher).<\/span><\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n As regras que se aplicam para declina\u00e7\u00e3o ap\u00f3s preposi\u00e7\u00f5es s\u00e3o distintas das regras que se aplicam para declina\u00e7\u00e3o exigida por verbos. N\u00e3o podemos misturar as regras, sob o risco de criarmos regras que n\u00e3o existem e que n\u00e3o se aplicam \u00e0 l\u00edngua naquela situa\u00e7\u00e3o espec\u00edfica. Seria muito bom se houvesse regras que se aplicassem a todos os elementos que exigem declina\u00e7\u00e3o, mas infelizmente isso n\u00e3o ocorre, da\u00ed a import\u00e2ncia de identificarmos em separado quais elementos exigem declina\u00e7\u00e3o e as regras relacionadas a cada um desses elementos.\u00a0<\/span><\/p>\n Vamos falar primeiramente dos verbos. Os verbos exigem que seu sujeito esteja no Nominativ. O agente, o autor da a\u00e7\u00e3o, de um verbo que est\u00e1 na voz ativa, ou seja, nosso sujeito t\u00edpico deve estar declinado no Nominativ. Para os verbos que s\u00e3o transitivos, ou seja, para os verbos que exigem um complemento, um objeto da a\u00e7\u00e3o, temos que observar qual tipo de objeto ele exige. Como saber se um verbo exige um Dativobjekt, um Akkusativobjekt ou um Pr\u00e4positionalobjekt? Tem como fazer compara\u00e7\u00f5es com o portugu\u00eas? Como vimos, n\u00e3o \u00e9 poss\u00edvel, at\u00e9 mesmo por uma quest\u00e3o num\u00e9rica, mas podemos memorizar e interiorizar regras que sugerem quando um verbo exige um Dativ, um Akkusativ ou um \u201cobjeto preposicionado\u201d. Essas regras s\u00e3o sem\u00e2nticas e morfol\u00f3gicas.<\/span><\/p>\n Pelas regras sem\u00e2nticas, quando um verbo indicar doa\u00e7\u00e3o, benef\u00edcio, preju\u00edzo, amabilidade, hostilidade, comunica\u00e7\u00e3o, aproxima\u00e7\u00e3o, distanciamento, entre outros campos sem\u00e2nticos, este verbo pedir\u00e1 um Dativ. Quando um verbo indica uma a\u00e7\u00e3o do tipo \u201cfazer\u201d, como cozinhar, assar, comer, etc., ou um verbo factitivo como matar, derrubar, afundar, colocar, etc., este verbo exigir\u00e1 um Akkusativ.\u00a0<\/span><\/p>\n Pelas regras morfol\u00f3gicas, quando um verbo tiver os prefixos insepar\u00e1veis be-, er-, ver-, zer-, durch-, hinter-, \u00fcber-, unter-, um-, este verbo exigir\u00e1 um Akkusativ, mesmo quando as regras sem\u00e2nticas indicariam um Dativ, ou seja, as regras morfol\u00f3gicas s\u00e3o superiores hierarquicamente e a elas devemos dar prefer\u00eancia em caso de conflitos entre regras morfol\u00f3gicas e regras sem\u00e2nticas. Por exemplo, o verbo \u201cantworten\u201d exige um Dativ de comunica\u00e7\u00e3o quando estamos falando de \u201cresponder algu\u00e9m\u201d, mas o verbo \u201cbeantworten\u201d exige um Akkusativ, mesmo que semanticamente seja um verbo de comunica\u00e7\u00e3o. Vejamos alguns exemplos:<\/span><\/p>\n <\/p>\n Ich helfe <\/span>meinem Vater<\/b> (Dativ de benef\u00edcio)<\/span><\/span><\/p>\n Eu ajudo meu pai<\/span><\/p>\n <\/p>\n Ein Dieb hat <\/span>meinem Nachbarn<\/b> gestohlen (Dativ de preju\u00edzo)<\/span><\/span><\/p>\n Um ladr\u00e3o roubou meu vizinho<\/span><\/p>\n <\/p>\n Der Sch\u00fcler hat <\/span>der Lehrerin<\/b> geantwortet (Dativ de comunica\u00e7\u00e3o)<\/span><\/span><\/p>\n O aluno respondeu a professora<\/span><\/p>\n <\/p>\n Die Polizei ist <\/span>dem Dieb<\/b> nachgelaufen (Dativ de aproxima\u00e7\u00e3o)<\/span><\/span><\/p>\n A pol\u00edcia perseguiu o ladr\u00e3o<\/span><\/p>\n <\/p>\n Hast du <\/span>den Kuchen<\/b> gegessen? (Akkusativ de fazer)<\/span><\/span><\/p>\n Voc\u00ea comeu o bolo?<\/span><\/p>\n <\/p>\n Wer hat <\/span>den Baum<\/b> gef\u00e4llt? (Akkusativ de verbo factitivo)<\/span><\/span><\/p>\n Quem derrubou a \u00e1rvore?<\/span><\/p>\n <\/p>\n Os verbos que exigem preposi\u00e7\u00e3o, ou seja, os que exigem um Pr\u00e4positionalobjekt devem ser memorizados um a um, sendo o foco da memoriza\u00e7\u00e3o lembrar qual preposi\u00e7\u00e3o este verbo exige, sobretudo quando o verbo exige uma preposi\u00e7\u00e3o distinta da do portugu\u00eas. Por exemplo, o verbo \u201cduvidar\u201d exige a preposi\u00e7\u00e3o \u201cde\u201d em portugu\u00eas, que seria \u201cvon\u201d ou \u201caus\u201d. Contudo, o verbo \u201czweifeln\u201d exige a preposi\u00e7\u00e3o \u201can\u201d, que seria nosso \u201cem\u201d. Al\u00e9m disso, precisamos saber qual declina\u00e7\u00e3o vem depois da preposi\u00e7\u00e3o, devemos memorizar a f\u00f3rmula inteira e fechada: neste caso, temos que memorizar a estrutura \u201czweifeln an jemandem\/etwas (dat)\u201d (\u201cduvidar de algu\u00e9m\/algo\u201d). Essa estrutura nos diz que temos que usar o \u201can\u201d e em seguida aplicar um Dativ. Um erro comum cometido por brasileiros \u00e9 usar a preposi\u00e7\u00e3o \u201cvon\u201d ou mesmo \u201caus\u201d, mas muito mais comum tentar usar \u201cvon\u201d. Esse erro \u00e9 completamente previs\u00edvel, j\u00e1 que utilizamos \u201cde\u201d com o verbo \u201cduvidar\u201d. Vejamos as seguintes frases:<\/span><\/p>\n <\/p>\n Niemand zweifelt <\/span>an der Kugelgestalt<\/b> der Erde<\/span><\/span><\/p>\n1. Declina\u00e7\u00f5es requeridas por verbos<\/b><\/span><\/h2>\n