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Pronúncia em inglês – Importância para a fluência e como estudar

 

Pronúncia em inglês - Importância para a fluência e como estudar

 

A seção fundamentos é uma seção de artigos em que apresentamos os fundamentos de como aprender uma língua estrangeira de forma eficiente quando somos adultos, ou seja, quando não estamos mais na chamada fase de aquisição de linguagem, que é uma fase típica da primeira infância. Quando se é adulto, ter consciência desses fundamentos ajudará em um processo de aprendizado mais eficiente e de maior qualidade. Esses artigos buscam ajudar nosso público a aprender a como aprender uma língua estrangeira sem a necessidade de levar anos a fio para se atingir um nível avançado em uma língua estrangeira. 

 

No que diz respeito à pronúncia do inglês, sua importância e como estudá-la, temos um exemplo de extremos entre os estudantes da língua. Há aqueles que são obcecados com pronúncia e acreditam que só serão entendidos se a pronúncia for igual a de um nativo, se preocupando com questões como melodia e sotaque. Para algumas destas pessoas, há que se escolher de antemão se se trata de inglês britânico, americano, australiano, etc. Para este público, o objetivo seria sempre tentar imitar alguma dessas variantes do inglês. Há outros, contudo, que não dão a mínima para a pronúncia e sempre estão inventando a pronúncia da palavra durante a leitura de um texto, por não quererem entrar em um dicionário para conferir qual a pronúncia da palavra. Muitos deste público acreditam que podem chutar uma pronúncia, com chances reais de acertar ou pelo menos ser compreendido. 

Para o estudo do inglês, conferir a pronúncia de uma palavra deve ser um hábito constante. Este hábito é importante para o estudo de qualquer língua estrangeira, mas é ainda mais imprescindível quando estamos aprendendo uma língua como o inglês, que tem uma ortografia muito complexa e que frequentemente não corresponde à fala. Por exemplo, o “gh” pode ser pronunciado como “f” em palavras como “laugh” e “cough”, mas pode ser mudo em palavras como “thought” ou “night”. O mesmo dígrafo “ou”, que é pronunciado como /ɔː/ em palavras como “thought” e “fought”, é pronunciado como /uː/ em palavras como “through” e como /ʌ/ em palavras como “country” e “tough”. 

 

Pronúncia em inglês - Importância para a fluência e como estudar
Essa falta de correlação entre som e símbolo também é algo difícil para crianças quando elas estão aprendendo a ler e escrever

       

Algumas palavras são bem parecidas com palavras do português do ponto de vista da ortografia, mas muito diferentes quando analisamos a pronúncia em inglês. Por exemplo, quando lemos “pneumonia”, conseguimos reconhecer rapidamente seu significado porque temos uma palavra cognata em português, pneumonia, que tem exatamente a mesma escrita. Contudo, a pronúncia em inglês de “pneumonia” é bem diferente: falamos /nuːˈmoʊ.njə/ no inglês americano e /njuːˈməʊ.ni.ə/ no inglês britânico, como se estivéssemos falando algo próximo a “numôunia” ou “niumôunia”. Se um falante nativo de inglês, ao falar em português, ignorasse a pronúncia dessa palavra em português e falasse algo como “meu pai está com “numôunia”, não entenderíamos com facilidade o seria uma  “numôunia”. Similarmente, se falarmos algo como “pneumonia”, um falante nativo de inglês provavelmente terá dificuldade para entender.

Por essas questões específicas da ortografia do inglês, que frequentemente não nos ajuda a prever a pronúncia da palavra, precisamos estar atentos não só ao modo correto de pronunciar as palavras cuja ortografia é semelhante a seus correspondentes em português, mas também ao modo correto de escrever as palavras cuja pronúncia já foi naturalizada. Dominar a ortografia e a pronúncia em inglês é essencial para quem deseja ser fluente tanto na fala quanto na escrita. Naturalmente, a pronúncia é essencial para manter uma comunicação, mas sabemos que dominar a ortografia de uma língua também é importante. Quando falamos e escrevemos bem em um idioma, as chances de uma inserção sólida na sociedade são geralmente maiores.

Assim como os erros nos usos de preposição e de expressões com collocations, muitos erros de pronúncia não são aleatórios e são recorrentes. Também aqui temos que entender que o processo de aquisição da fonologia de uma língua na primeira infância não pode ser repetido. Ou seja, para adultos aprenderem e naturalizarem certas pronúncias, uma metodologia consistente e eficiente precisa dar atenção a esses erros recorrentes e previsíveis. Para ser de fato eficiente, como muitos desses erros são baseados na língua nativa do aluno, precisamos de uma metodologia específica e personalizada, que foque nesses aspectos e chame atenção dos alunos para os lugares específicos em que potencialmente temos mais dificuldades. 

Uma metodologia global não é tão eficiente, pois traz muitos aspectos desnecessários e poderia não dar a atenção devida para os aspectos mais problemáticos para aquele grupo de alunos. Portanto, um brasileiro que queira aprender inglês de forma eficiente precisa de uma metodologia de ensino que foque nos aspectos em que recorrentemente um falante nativo de português tem mais dificuldade, assim como um alemão que queira aprender inglês de forma mais eficiente precisa de uma metodologia que chame atenção para os erros recorrentes que um falante nativo de alemão comete. 

Entre os diferentes erros recorrentes e previsíveis, temos o erro de pronúncia envolvendo o sufixo “_ed”, usado na formação de um “simple past” ou de um particípio passado de verbos regulares. Um erro muito comum envolvendo falantes nativos de português é a pronúncia da vogal do sufixo -ed, em parte por influência da ortografia, em parte por influência do padrão silábico do português. Em português, as sílabas não aceitam determinadas consoantes, como o /k/, /t/, /d/, /p/, etc., na posição final da sílaba, ainda mais quando é uma sequência de duas ou mais dessas consoantes. Por isso, um falante nativo de português tende a pronunciar o “e” em palavras como “liked”, “worked”, “saved”, “married”, “dodged”, etc. Em alguns contextos específicos, essa vogal deve mesmo ser pronunciada, mas apenas quando é precedida por “t” ou “d”, como em “waited” ou “commanded”. 

A pronúncia correta de todos os inúmeros verbos regulares no simple past e past participle envolve apenas 3 regras. Ao todo, temos apenas três pronúncias possíveis para este sufixo: /t/, /d/ ou /ɪd/. As regras são fonológicas, portanto a ortografia não vai nos ajudar. A primeira regra diz que, se a consoante anterior ao “ed” for pronunciada como uma consoante surda (em que não há uma vibração das cordas vocais), o sufixo “ed” subsequente será pronunciado como /t/. A segunda regra diz que, se a consoante anterior ao “ed” for pronunciada como uma consoante sonora (em que há uma vibração das cordas vocais) ou o som anterior ao “ed” for o som de uma vogal, o sufixo “ed” subsequente será pronunciado como /d/. A última regra diz que, se a consoante anterior ao “ed” for pronunciada como um /t/ ou /d/, o sufixo “ed” subsequente será pronunciado como /ɪd/. Para sentir a diferença entre consoantes surdas e vibrantes, basta colocar a mão sobre a garganta e tentar pronunciar um /s/ sem vogal e, em seguida, um /z/ sem vogal. Podemos observar claramente que, ao pronunciar o /s/ sem vogal, não há nenhuma vibração nas cordas vocais, enquanto o /z/ é pronunciado no mesmo ponto de articulação do /s/ com a única diferença de conter uma vibração nas cordas vocais. Tecnicamente, o /z/ é a versão vibrante do /s/, assim como o /v/ é a versão vibrante do /f/, o /d/ é a versão vibrante do /t/, o /b/ é a versão vibrante do /p/, e assim por diante. Quando tentamos pronunciar as consoantes /t/, /p/, /k/, /f/, /s/, /ʃ/, /tʃ/, podemos observar que as cordas vocais não vibram, por isso elas são chamadas de surdas ou não vibrantes, enquanto na pronúncia das versões vibrantes /d/, /b/, /g/, /v/, /z/, /ʒ/, /dʒ/ há uma clara vibração das cordas vocais. 

Podemos reduzir a regra para apenas uma de certa forma. Com exceção dos casos em que a consoante anterior ao sufixo -ed é a consoante “t” ou “d”, se a consoante anterior ao sufixo for pronunciada como uma consoante surda, vamos pronunciar o sufixo -ed como a consoante também surda /t/, caso contrário usamos a versão sonora /d/. Uma forma de naturalizar e interiorizar essa regra é separar um tempo de estudo semanal para pronunciar em voz alta uma sequência de palavras em que pronunciamos o sufixo -ed como /t/, seguida de uma sequência de palavras em que pronunciamos o sufixo -ed como /d/. Isso ajuda o cérebro a reconhecer que estamos diante de uma regra fonológica. Podemos ver abaixo um exemplo dessas sequências de palavras:

 

finished /t/

dodged /d/

coughed /t/

saved /d/

worked /t/

snaged /d/

shipped /t/

absorbed /d/

kissed /t/

phased /d/

married /d/

studied /d/

waited /ɪd/

commanded /ɪd/

Para conferir a pronúncia dessas palavras, você pode acessar o dicionário online da Cambridge. Ao lado de cada palavra, há sempre a transcrição fonética e um áudio para escutar tanto a pronúncia padrão americana quanto a pronúncia padrão britânica. A transcrição fonética ajuda muito a disciplinar nossa pronúncia, porque às vezes nosso ouvido nos engana, de modo que apenas ouvir o áudio correspondente não é suficiente. Por exemplo, se você procurar por “married” ou por “absorver“, você encontrará as seguintes transcrições: /ˈmær.id/ e /əbˈzɔːbd/. Pela transcrição, podemos ver claramente que a vogal “e” do sufixo “ed” não é pronunciada. Ouvir o áudio junto com a transcrição aumenta as chances de internalizarmos a pronúncia correta da palavra.

Ao invés de memorizar a pronúncia de centenas e centenas de palavras individualmente, é muito mais eficiente memorizar algumas poucas regras que trarão um impacto exponencial na melhoria da pronúncia. Além do sufixo -ed, há outros sufixos que causam muita dificuldade por ter mais de uma pronúncia possível, como é o caso do sufixo “_ate”, que aparece em verbos como “to accelerate” e “to assimilate” ou em adjetivos e substantivos como “accurate” e “chocolate”. Nos verbos citados, o sufixo “_ate” é pronunciado como /eɪt/, enquanto a pronúncia deste mesmo sufixo em “accurate” e “chocolate” é de /ət/. Aqui também há algumas regras que ajudam a prever a pronúncia correta. Mais uma vez, para estudarmos de forma eficiente, ao invés de memorizar a pronúncia de centenas de palavras individualmente, podemos memorizar e naturalizar algumas poucas regras que trarão um impacto exponencial na melhoria da pronúncia. Qualquer metodologia que tenha uma proposta de eficiência e qualidade precisa dar a atenção devida a essas regras que nos ajudam a prever a pronúncia de centenas de palavras, evitando inúmeros erros facilmente corrigíveis. 

 

Pronúncia em inglês - Importância para a fluência e como estudar
Esse tipo de informação economiza muito o tempo do estudante

 

Outro erro recorrente é não prestar atenção na diferença de pronúncia entre “eat”/“it”, “feet”/“fit”, “sheet”/“shit”, “deed”/“did”, “sheep”/“ship”, e assim por diante. A lista é longa, de modo que o impacto de não produzir a diferença entre essas vogais é grande. Por outro lado, automatizar esta diferença já ajudaria a melhorar a pronúncia de inúmeras palavras ao mesmo tempo. Uma técnica que pode ajudar na memorização e naturalização dessas diferenças sutis é fazer e estudar listas de palavras que sejam pares mínimos. Pares mínimos são palavras que se distinguem apenas por um som, por exemplo “bata” e “pata” são pares mínimos em português, já que se distinguem apenas pela diferença entre /b/ e /p/. Esses pares mínimos são importantes no contexto de aprendizado de línguas. Pronunciar de forma sistemática pares de palavras cuja única diferença na pronúncia seja de um único som ajuda o cérebro a naturalizar e internalizar uma nova fonologia. Por isso, esta técnica é útil para professores e alunos interessados em dar eficiência e rapidez para o ensino e aprendizado de idiomas. 

Em todos os casos que envolvem a pronúncia, é muito importante confirmar em um dicionário como devemos pronunciar as palavras. Contudo, para alguns sons, por exemplo para dominar a diferença entre “ship” e “sheep”, precisamos ir além. Após o fim da fase de aquisição de linguagem, o cérebro tende a filtrar um som que ouviu quando este é inexistente na fonologia e fonética que já foi adquirida da língua nativa. Nos estudos linguísticos, esse processo é comumente chamado de filtro fonológico. Portanto, não podemos apenas escutar como pronunciar uma palavra, já que podemos não ser capazes de repetir aquela pronúncia, mesmo que acreditemos que estamos pronunciando de forma correta, pois o filtro fonológico pode criar uma espécie de ilusão no cérebro, em que ele acredita que a reprodução daqueles sons está semelhante ao que foi ouvido. Para um nativo, você pode inclusive estar pronunciando outra palavra, como no caso do “sheep” and “ship”.

Para dominar a pronúncia desses sons que não fazem parte de sua língua nativa, além de apertar o botão da pronúncia e escutar como a palavra é pronunciada, é importante reconhecer o símbolo fonético que representa alguns sons e como devemos articular estes sons. Precisamos estudar alguns sons em particular, como articulá-los, etc. Contudo, não precisamos fazer isso com todos os sons do inglês ou da língua que estivermos estudando, esse estudo só precisa ser feito para aqueles casos de sons que não estão em nosso repertório linguístico, seja este repertório a língua nativa ou mesmo outras línguas que já tivermos aprendido. Aqui também uma metodologia para abordar a pronúncia em inglês de forma eficiente é uma metodologia que leva em consideração a língua nativa do aluno e dá a atenção devido aos sons e pronúncias que potencialmente causam mais dificuldades. 

Outro erro recorrente cometido quanto à pronúncia em inglês por falantes nativos do português brasileiro é acrescentar um /i/ ao fim de palavras que terminam em determinadas consoantes. Por exemplo, ao pronunciar a palavra “sleep”, muitos brasileiros terminam por acrescentar um /i/ ao final desta palavra, mesmo que de forma sutil. Esse acréscimo é perigoso, pois estaríamos pronunciando a palavra “sleepy”. Da mesma forma, temos a tendência de acrescentar um /i/ ao final de “need”, de forma que terminamos por pronunciar “needy”. Também ao pronunciar a palavra “nose”, tendemos a acrescentar um /i/ e terminar pronunciando “nosy”. Assim, ao invés de pronunciarmos “dog”, terminamos por pronunciar “doggie”, e assim por diante. Esse acréscimo não é aleatório. Observe que também acrescentamos esse /i/ em palavras do português, mesmo sem a presença dessa vogal na ortografia. Assim, nenhum brasileiro pronuncia “USP”, pronunciamos “USPi”. Também não pronunciamos “FAEQ”, pronunciamos na verdade “FAEQi”. Esse acréscimo do /i/ ao final de palavras terminando em /t/, /d/, /k/, /g/, … é uma regra de nossa fonologia e terminamos por projetar essa regra “sem querer” quando estamos tentando falar inglês, alemão e qualquer outra língua estrangeira. O problema é que nessas línguas essa regra não existe e quando acrescentamos esse aparentemente inofensivo /i/, terminamos por ou criar uma outra palavra existente na língua ou eventualmente não nos fazer entender. 

Há também os erros relacionados à pronúncia de algumas palavras em específico. Por motivos variados, a pronúncia em inglês de palavras como “throughout”, “based”, “ear”, “world”, entre outras, podem causar dificuldades. Para estas palavras, é importante praticar a pronúncia de cada uma de forma individual, já que a dificuldade não é causada pela não aplicação de alguma regra geral de pronúncia. Do ponto de vista metodológico, separar estes dois tipos de erros é importante, porque a abordagem de memorização e aprendizado será diferente para cada um deles. Para os erros que podem ser resolvidos com a aplicação de uma regra geral de pronúncia, devemos focar nossos esforços em interiorizar e naturalizar esta regra, aplicando-a no maior número de palavras possível até que nosso cérebro interiorize a regra fonológica em questão. Para os erros de palavras pontuais, devemos focar nossos esforços na memorização individual de cada uma dessas palavras.

De forma geral, quando estamos estudando uma língua estrangeira, estudar e aplicar algumas regras de pronúncia de forma sistemática nos ajuda a reconhecer e internalizar uma nova fonologia em nosso cérebro. Como o processo de aquisição de uma fonologia durante a primeira infância não se repete, apenas a imersão e o contato com a língua estrangeira não é nem suficiente nem eficiente para um adulto aprender bem uma língua estrangeira. Ao dar a devida atenção para esses erros recorrentes, previsíveis e facilmente corrigíveis, uma metodologia traz eficiência e qualidade para o aprendizado, pois é muito mais fácil memorizar e naturalizar uma regra aplicável em um conjunto grande de palavras do que ter que memorizar a pronúncia de cada uma individualmente. 

Além da pronúncia em inglês, há outros temas relevantes que causam certa dificuldade, mas que precisam ser dominados, caso se queira falar inglês bem, como preposições, vocabulário, collocations, entre outros. Convidamos os leitores a ler os artigos escritos em que abordamos as principais dificuldades e como superá-las nesses temas específicos.

Em todos os cursos oferecidos pela Inner Tree, temos seções específicas voltadas para o treinamento da pronúncia. Nessas seções, não apenas chamamos atenção para a pronúncia de certas palavras que costumam causar dificuldade, mas também trazemos regras de pronúncia e técnicas de memorização e internalização dessas regras que ajudam os alunos a melhorar a pronúncia de forma exponencial, tendo em vista que a aplicação de uma única regra pode ajudar na pronúncia correta de centenas de palavras ao mesmo tempo.

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