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Preposições em inglês: erros comuns, por que ocorrem e como estudar

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A seção fundamentos é uma seção de artigos em que apresentamos os fundamentos de como aprender uma língua estrangeira de forma eficiente quando somos adultos, ou seja, quando não estamos mais na chamada fase de aquisição de linguagem, que é uma fase típica da primeira infância. Quando se é adulto, ter consciência desses fundamentos ajudará em um processo de aprendizado mais eficiente e de maior qualidade. Esses artigos buscam ajudar nosso público a aprender a como aprender uma língua estrangeira sem a necessidade de levar anos a fio para se atingir um nível avançado em uma língua estrangeira. 

 

Por que temos tanta dificuldade com preposições em inglês? Como podemos estudá-las de forma séria e eficiente? É comum ter dúvida sobre qual preposição usar e mais comum ainda é não ter a mínima ideia do que significa uma preposição ou qual seria uma boa tradução para determinada preposição. Quase todas as dificuldades envolvendo preposições têm uma mesma origem: a preposição pode conter semântica em algumas situações, mas em outras o uso é totalmente gramatical. Esse aspecto dual das preposições é uma das causas para a confusão. Vejamos os exemplos abaixo.

 

Last month I read a book by Machado de Assis.

No mês passado, eu li livro um livro de Machado de Assis.

 

We live in São Paulo.

Nós moramos em São Paulo.

 

I’m from São Paulo.

Eu sou de São Paulo.

 

I will travel to Campinas.

Eu vou viajar para Campinas.

 

Nos quatro exemplos acima, usamos as preposições “by”, “in”, “from” e “to” em seus usos semânticos. No primeiro, a preposição “by” está sendo utilizada como preposição que indica “autoria”, seria equivalente a um dos usos da preposição “de”, que pode ser usada para indicar autoria: “um quadro de Picasso” (“a picture by Picasso”). No segundo, a preposição “in” é utilizada para indicar localização (lembrando que existem outras preposições que podem ser usadas para expressar localizações, como “on”, “at”, “behind”, etc.). No terceiro, a preposição “from” está sendo utilizada para indicar origem. No quarto, a preposição “to” está sendo utilizada para indicar direção. Em todos estes exemplos, podemos prever qual seria a melhor preposição apenas estudando os usos e a semântica das preposições. Precisamos internalizar que “by” é utilizada para indicar autoria, mas também pode ser utilizada em outros contextos semânticos, como em expressões temporais (by 5 o’clock) para indicar uma aproximação, uma estimativa. Ou seja, memorizando os usos e os empregos semânticos de cada preposição em inglês, podemos prever o seu uso em diversos contextos. Contudo, esta é apenas uma parte da história. 

 

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Agora que vimos a ponta do Iceberg, let’s go deeper

 

Agora vejamos os exemplos abaixo.

 

We must abide by the rules.

Precisamos respeitar as regras.

 

Last month I participated in an interesting conference.

Mês passado eu participei de um congresso interessante.

 

Last year some companies profited from the lower interest rates.

No ano passado, algumas empresas lucraram com as taxas de juros mais baixas.

 

He’s addicted to coffee.

Ele é viciado em café.

 

That’s not synonymous with success.

Isto não é sinônimo de sucesso.

 

Para mais exemplos de frases com essas preposições em inglês, você pode acessar o dicionário online da Cambridge. Por exemplo, se você procurar por “addicted” ou por “synonymous“, você verá alguns exemplos de usos dessas palavras, entre os quais aparecerão exemplos da combinação dessas palavras com as preposições. No momento de escrito deste artigo, alguns dos exemplos encontrado foram os seguintes: “I’m addicted to (= I very often eat) chocolate.; “Oscar Wilde’s name is synonymous with wit.”

Nos exemplos acima, as mesmas preposições “by”, “in”, “from”, “to” e “with” são usadas em um contexto completamente diferente dos exemplos dados anteriormente no início deste artigo. Não teríamos como prever estas preposições. Precisamos memorizar que o verbo “to abide” é seguido de “by” antes de colocar seu complemento. Analogamente, precisamos memorizar que o verbo “to participate” exige a preposição “in”. Nossa tendência como falante nativo de português seria falar algo como “Last month I participated of…”, um erro muito comum. Quando queremos dizer que uma empresa lucrou com uma situação ou com algo, temos que lembrar que verbo “to profit” exige a preposição “from”, e não a preposição “with”, por exemplo. Também precisamos lembrar que o adjetivo “addicted” (“viciado”) exige a preposição “to” em inglês, ou seja, quando queremos dizer que “ele é viciado em algo”, devemos dizer “he is addicted to something”. Um erro comum de quem fala português como língua nativa é usar a preposição “in” nesta última situação. Da mesma forma, um erro comum cometido por brasileiros seria dizer “That’s not synonymous of success”, utilizando a preposição “of” ao invés da preposição “with”. Todos esses erros são previsíveis, mas são evitáveis se houver um estudo sistemático.

Ou seja, embora as preposições em inglês possam ser usadas em empregos semânticos específicos para indicar autoria, localização, origem, direção, estimativa, etc., temos outro uso das preposições que não envolve propriamente regras semânticas. Este uso envolve o que chamamos de “regência”. O que seria regência? Em línguas como o português e o inglês, regência se limita ao estudo da preposição exigida (quando houver esta exigência) pelo verbo ou por outros elementos, como substantivos, adjetivos e advérbios. É comum que esses elementos exijam um complemento para completar seu sentido, e este complemento pode vir precedido por uma preposição. Por exemplo, o verbo “rir” exige a preposição “de” em português, sempre rimos de algo ou de alguém. Em inglês, o verbo “to laugh”, tradução de “rir”, exige a preposição “at”, que seria a preposição “em” do português. O adjetivo “intolerante” exige a preposição “com” em português, por exemplo “algumas pessoas são intolerantes com imigrantes”. Em inglês, o adjetivo “intolerant” exige a preposição “of”, dizemos “some people are intolerant of immigrants”. 

Uma observação relevante quanto ao uso das preposições em contextos de regência é que o erro nunca é aleatório. Por exemplo, ao invés de dizer “Don’t be cruel to animals”, um brasileiro tenderia a dizer “Don’t be cruel with animals”, porque em português diríamos “Não seja cruel com animais”. Um falante nativo de alemão não tenderia a cometer este erro, porque em alemão eles diriam “Sei nicht grausam zu Tieren” e a preposição “zu” seria equivalente à preposição “to” do inglês. Por outro lado, a preposição “of” em “to die of” não costuma causar dificuldades para um falante nativo de português, que já naturalmente usaria a preposição “of” em frases como “he died of cancer”, enquanto um falante nativo de alemão tenderia a dizer “he died in/at cancer”, já que em alemão se falaria “Er ist an Krebs gestorben” e a preposição “an” seria equivalente à preposição “at” (em alguns casos, também poderia ser vista como equivalente ao “on”/”in”). Ou seja, falar algo como “He died in cancer” é um erro potencial de um falante nativo de alemão, e uma metodologia que tenha como objetivo ensinar falantes nativos de alemão a falar bem inglês de forma eficiente vai chamar atenção para combinações do tipo “die of”. Da mesma maneira, uma metodologia que tenha como objetivo ensinar falantes nativos de português a falar bem inglês de forma eficiente vai chamar atenção para combinações do tipo “cruel to”, “intolerant of”, “married to”, etc. Por uma questão de eficiência, já que existem milhares de combinações desse tipo, mas apenas um subconjunto específico tende a ser mais problemático, precisamos dar mais atenção e focar nossos esforços exatamente nos usos que causam mais problemas.

Pela minha experiência como professor, tenho observado esse tipo de erro mesmo em alunos com anos de experiência no exterior. Esse uso mais gramatical é mais difícil de ser interiorizado e existe um motivo para isso. Quando nos tornamos adultos, nosso cérebro tende a ignorar uma nova gramática e focar nas palavras com mais conteúdo semântico. Assim, quando ouvimos “addicted to”, ignoramos a preposição “to” e focamos nossa atenção na semântica do termo que traz o conteúdo propriamente dito, que seria o “addicted”. Quando formos usar o “addicted”, vamos utilizar a palavra com conteúdo semântico, mas com a gramática que adquirimos na infância, daí tendemos a dizer “addicted in”, já que em português seria “viciado em”.

Essa tendência de usar a mesma preposição que seria usada em nossa língua nativa nos contextos de regência tem um lado positivo. Isso significa que não precisamos memorizar as milhares de combinações de verbos/adjetivos/substantivos/advérbios + preposição que existem em inglês, já que a maior parte dessas combinações vão ser as mesmas, tendo em vista que o inglês não é uma língua muito distante do português. Ou seja, podemos focar nossos esforços apenas nas combinações que não “batem” com nossa língua nativa. Portanto, a melhor estratégia para lidar com esse uso das preposições com eficiência e praticidade é focar e memorizar as combinações específicas que são mais difíceis. 

Como esses erros são baseados na língua nativa dos alunos, não é possível criar um manual de inglês com foco nessas preposições que seja prático e relevante para todos os estrangeiros. Para ir direto ao ponto e trazer eficiência para o processo de aprendizado, já que os erros não são aleatórios e são baseados na língua nativa do aluno, teríamos que ter um manual específico para falantes nativos de português, outro para falantes nativos de alemão, outro para falantes nativos de mandarim, e assim por diante. Com esta finalidade, para trazer eficiência para o aprendizado de nossos alunos brasileiros, escrevemos dois manuais práticos sobre preposições, um com foco no uso das preposições em contextos semânticos e outro com foco no uso das preposições em contextos de regência. Em ambos os livros, oferecemos exercícios com respostas e comentários que ajudam os leitores a atingir a fluência e a melhorar o inglês com rapidez e qualidade. 

No livro com foco em semântica, “Preposições: semântica e usos”, foram feitas seções específicas para cada preposição, com os diferentes contextos semânticos em que cada preposição pode ser usada. Além dos numerosos exemplos de uso, foram propostos exercícios que ajudam na fixação do conteúdo. Os exercícios, quando bem produzidos, podem se tornar uma ferramenta poderosa na eficiência do ensino e ajudar os alunos a internalizar determinados usos que causam mais dificuldade.  

No livro com foco em regência, “Preposições: gramática e usos”, foram reunidos mais de 900 casos em que a preposição exigida é diferente em inglês, quando comparado ao português. O livro também traz algumas dicas de como memorizar todas essas combinações de forma mais rápida, com algumas associações que nos ajudam a prever determinada preposição: por exemplo, diversos verbos que se referem a gestos ou ações em que usamos nosso rosto exigem a preposição “at” em inglês: “to look at somebody” [“olhar para alguém”]; “to stare at somebody” [“encarar alguém]; “to scream at somebody” [“gritar com alguém”]; “to laugh at somebody” [“rir de alguém”]; “to smile at somebody” [“sorrir para alguém”], “to wink at somebody” [“piscar para alguém”], e assim por diante. Essas associações ajudam a reduzir o número de casos em que precisamos memorizar a combinação de forma nua e crua, trazendo ainda mais eficiência para o processo de ensino e aprendizado. 

Por último, também devemos prestar atenção no uso das preposições em expressões fixas como “no início de” (“at the beginning of”), “à mão” (“by hand”), “por acaso” (“by chance”), “em pauta” (“on the agenda”), “em jogo” (“at stake”), “em perigo” (“at risk”), “por um/outro lado” (“on the one/other hand”), “on the verge of” (“à beira de”), “em declínio” (“on the wane”), e assim por diante. Muitas dessas expressões são expressões idiomáticas, por isso às vezes é difícil prever qual preposição deve ser utilizada. O livro “Preposições em Inglês: Importância e Usos” também traz uma lista das principais expressões idiomáticas em que a escolha da preposição pode causar dificuldade para um falante nativo de português.

Além das preposições em inglês, há outros temas relevantes que causam certa dificuldade, mas que precisam ser dominados, caso se queira falar inglês bem, como a pronúncia, vocabulário, collocations, entre outros. Convidamos os leitores a ler os artigos escritos em que abordamos as principais dificuldades e como superá-las nesses temas específicos.

 

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Interessante né?!

 

Saber distinguir entre o uso das preposições em inglês em contextos semânticos e o uso das preposições em contextos de regência é essencial tanto no contexto de aprendizagem como no contexto de ensino de língua estrangeira. Para o aprendizado, essa distinção é relevante porque, se tentarmos aplicar regras semânticas onde não há nenhuma regra semântica, não vamos chegar a lugar nenhum e vamos criar uma grande confusão em nossa cabeça. Para o ensino, essa distinção é também relevante porque os professores precisam chamar atenção para as combinações de “verbos/adjetivos/substantivos/advérbios + preposição” que causam mais dificuldade, já que elas são previsíveis e nunca são aleatórias, são erros recorrentes que precisam ser eliminados. Quando os professores focam seus esforços nestes erros previsíveis e recorrentes, o ensino se torna mais eficiente e os alunos alcançam seus objetivos de forma mais consistente e rápida.

 

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