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Como um brasileiro pode aprender alemão de forma eficiente e rápida?

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Quando pensamos em aprendizado de língua, muitas vezes esquecemos que não é só a língua-alvo que determina como tornar um método eficiente, mas também o público-alvo, aquele que quer aprender aquela língua. Se estamos falando de um vietnamita estudando mandarim, a questão dos tons e das regras fonológicas dos tons não deve ser muito problemática, de modo que um método de mandarim que dedicasse muito do seu

tempo explicando a produção fonética dos tons não será eficiente para um vietnamita. Por isso, é complicado falar de quão difícil é uma língua, se não sabemos quem quer aprender aquela língua. Para um russo, ucraniano é um passeio, assim como espanhol é tranquilo para um brasileiro.

Para estudar alemão de forma eficiente e rápida, o aluno brasileiro precisa focar seus esforços no vocabulário e nas estruturas gramaticais diferentes das do português. A fonética-fonologia do alemão, que aparentemente seria o maior vilão, não é tão complexa assim e não precisamos de muito tempo para dominar essa parte da língua. Nossas dificuldades se concentram no vocabulário, na sintaxe e na morfologia. Sintaxe diz respeito à  ordem das palavras, que chamamos de Wortstellung em alemão. Morfologia diz respeito às formas e aos morfemas das palavras, aqui incluímos o sistema de declinações do alemão, que causa tanta dificuldade para falantes nativos de línguas como português e espanhol. 

Precisamos saber exatamente o que estudar em que cada uma dessas áreas. O que de especial exatamente o alemão tem em seu vocabulário? Em que a Wortstellung do alemão pode causar dificuldade? O que de especial temos nas declinações? Onde devemos focar nossos esforços e nosso precioso tempo?

Para o vocabulário, o aluno brasileiro precisa introduzir no cérebro uma nova perspectiva e visão semântica do mundo. O português é uma língua polissêmica, enquanto o alemão é uma língua especificadora. O que um brasileiro expressa com o verbo “colocar”, um falante nativo de alemão expressa com seis verbos, cada um usado em uma situação específica. Se colocamos o livro na mesa, usamos o verbo “legen”, que é usado para quando o objeto colocado fica deitado. Se colocamos o livro em uma prateleira, em que provavelmente ele estaria em pé, usamos o verbo “stellen”. Se colocamos o livro na gaveta ou dentro de algo, usamos o verbo “stecken”, e por aí vai.

Se levarmos isso em consideração de forma séria, fazendo listas que facilita a memorização, produzindo frases semanais com esse vocabulário mais específico que o português, revisando semanalmente essas frases e produzindo novas, em pouco tempo treinamos nosso cérebro para uma língua menos polissêmica, treinamos a especificidade e automatizamos essa nova lógica de mundo. É uma questão de treino, não um treino esporádico, mas um esforço semanal e constante, com foco e disposição espiritual para aprender o que for complicado, sem tentar atalhos que nos fazem perder mais tempo.

Para a gramática, o estudante brasileiro precisa focar seus esforços nas estruturas sintáticas (ordem das palavras na oração) e no sistema de declinação do alemão. Aqui a tentação por atalhos é grande, porque estamos falando de uma parte espinhosa do ensino e aprendizado, e o ser humano sempre prefere evitar o complicado. Naturalmente não estamos falando de complicar o que é simples, estamos falando de não tentar simplificar o complexo a um ponto em que você só se engana. Por exemplo, tentar aprender as declinações com comparações com objeto direto e objeto indireto geralmente é um desastre pedagógico e linguístico. Alguns alunos chegam mesmo a “chutar o balde” e ignoram por completo que o alemão está cheio de declinações, do início ao fim da frase. Comparar o objeto acusativo/dativo com o objeto direto/indireto do português não ajuda em nada, porque o aluno continua sem saber usar as declinações da forma correta e no momento correto e ainda erra a regência de vários verbos, tendo em vista que essa comparação tem inúmeras exceções. 

Não é que não devemos comparar o alemão com o português, é que devemos fazer isso da forma correta. Por exemplo, precisamos lembrar que, embora o português tenha os pronomes “onde” e “para onde/aonde” e o alemão tenha os pronomes “wo” e “wohin”, a divisão semântica é distinta. Novamente é tentador acreditar que, se temos dois pronomes aqui em português para perguntar sobre lugares e também temos dois pronomes em alemão, então posso comparar esses vocábulos um a um. Não vai dar certo. Vejamos estes exemplos:

 

Wo bist du jetzt? 

Onde você está agora?

 

Wohin hast du die Lampe gehängt? 

Onde você pendurou/colocou a lâmpada?

 

Não dizemos em português “para onde você colocou a lâmpada?”, mas usamos “wohin” em alemão neste caso. Se colocarmos na cabeça que “wo” é “onde” e “wohin” é “para onde”, não vamos usar o “wo” e “wohin” no momento certo, vamos criar uma regra nova inexistente no alemão: estaremos usando vocábulos do alemão, mas com a gramática do português. Por isso, é importante fazer a comparação com o português, muitíssimo importante, mas sobretudo para alertar sobre o que é diferente. O que o alemão tiver de igual ou comparável ao português vai ser automaticamente “aprendido”, pois já estará em nosso cérebro pelo simples fato de falarmos de forma nativa uma língua que tem a mesma estrutura. A comparação deve ser feita focando nas dificuldades. Ou seja, assimo como o vocabulário, a gramática precisa ser estudada de forma adequada, caso contrário o aluno perderá seu tempo memorizando regras que não se aplicam e falando um alemão com a gramática do português.    

Por fim, precisamos lembrar de um terceiro fator que influencia o aprendizado de alemão: a disposição espiritual para aprender o diferente. Se sempre estivermos procurando fórmulas mágicas ou atalhos mirabolantes para evitar os assuntos complexos, não vamos muito longe nesta empreitada. Aprender uma nova língua não é uma tarefa fácil, mas pode ser factível e concluída em pouco tempo, se houver uma metodologia adequada por trás, que faça o aluno focar seu tempo no que é importante, professores qualificados, que estejam atentos às necessidades do seu público, e disposição do aluno para executar o plano proposto. Quando juntamos uma metodologia adequada e focada para um falante nativo do português e professores atentos às principais dificuldades e aos erros recorrentes dos alunos, conseguimos aprender alemão de forma rápida e eficiente. Para mais informações sobre os fatores que influenciam nosso êxito e eficiência no estudo de uma língua estrangeira, leia o artigo sobre quanto tempo pode levar para um brasileiro aprender alemão.

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