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A semântica e a estrutura da concessão 3: however, nevertheless, nonetheless, …

 

A seção in depth é uma seção de artigos em que analisamos uma palavra ou um conjunto de palavras de forma profunda. O objetivo é ajudar os alunos a não apenas entender os diferentes aspectos semânticos envolvendo uma palavra ou um conjunto de palavras, mas também dominar seus usos e diferentes contextos gramaticais possíveis. Quando relevantes, também trazemos alguns detalhes fonológicos ou fonéticos. Todos esses aspectos em conjunto ajudam os alunos a falar inglês com mais naturalidade e fluência.

 

Atenção: esse texto é longo e complexo, porém muito importante para quem quer atingir o nível avançado em inglês. Caso esteja com pouco tempo, deixe a leitura para outro momento. A leitura desse artigo requer concentração

 

Introdução 

 

Este é o último de uma série de três artigos sobre linking words que expressam a semântica de concessividade em inglês. Como explicado na introdução do primeiro artigo, a divisão em três artigos diz respeito aos três diferentes usos dessas palavras em inglês. As linking words são palavras gramaticais usadas para estabelecer alguma relação lógico-semântica entre sentenças ou entre elementos internos de uma mesma sentença. 

Esses conectivos lógicos existem em qualquer língua, porque precisamos conectar ideias, precisamos estabelecer relações lógico-semânticas de causa, de consequência, de adição, de finalidade, de concessão, etc. Para cada relação lógica, temos uma variedade de palavras que podem ser usadas, mas o contexto gramatical e o contexto de uso de cada uma delas pode variar bastante. 

Como explicamos na introdução do primeiro artigo, quando estabelecemos uma relação de concessividade entre dois acontecimentos, queremos dizer que é surpreendente que algo aconteça ou tenha acontecido tendo em vista um determinado fato. Assim, quando dizemos “embora ele tenha muito dinheiro, ele não é feliz”, queremos dizer que é surpreendente o fato de ele não ser feliz tendo em vista o fato de que ele tem muito dinheiro.

Também vimos que, embora haja muitas palavras para transmitir essa mesma semântica de concessividade, essas palavras podem ter usos gramaticais distintos. Por exemplo, podemos dizer “apesar da chuva, quero ir para a praia”, assim com também podemos dizer “embora esteja chovendo, quero ir para a praia” ou mesmo “apesar de estar chovendo, quero ir para a praia”. Estas três frases têm a mesma semântica, elas transmitem a mesma mensagem do ponto de vista semântico. Contudo, cada uma delas deve ser construída de forma específica. Por exemplo, nenhum falante nativo de português tenderia a dizer “embora a chuva, quero ir para a praia” ou “apesar de esteja chovendo, quero ir para a praia” ou “embora estar chovendo, quero ir para a praia”. 

Em inglês, todos os conectivos although, even though, albeit, despite, in spite ofnotwithstanding, however, nonetheless, nevertheless, even so, even then, etc. podem ser usados para expressar a semântica de concessividade. Neste artigo, vamos estudar as preposições “despite”, “in spite of” e “notwithstanding”. No primeiro artigo, estudamos as conjunções “although”, “though”, “even though” e “albeit”, usadas como conjunção. Neste terceiro artigo, vamos estudar “however”, “nonetheless”, “nevertheless”, “even so”, “even then”, que funcionam como expressões adverbiais.

 

Os advérbios “however”, “nevertheless”, “nonetheless”, “even so”, “even then”

 

Os advérbios “however”, “nevertheless”, “nonetheless”, “even so” e “even then” têm a mesma semântica das conjunções “although”, “even though”, “though”. Contudo, eles não são usados como conjunções, eles são usados como advérbios. Portanto, a sentença deve ser construída de outra maneira. 

Quanto ao uso de “however”, “nevertheless”, “nonetheless”, geralmente fazemos uma afirmação completa, com uma sentença concluída com ponto final, para depois usar um desses advérbios para indicar a semântica de “apesar deste fato”, em que “este fato” foi a informação mencionada na frase anterior. Neste uso, poderia ser traduzido para o português como “no entanto”, “contudo”, “entretanto”, etc. Vejamos os exemplos abaixo:

 

The company has a lot of problems. However, there are also many solutions.

A empresa tem muitos problemas. No entanto, há também muitas soluções.

 

It is a very risky sector. Nonetheless, it can bring a lot of opportunities.

É um setor muito arriscado. Entretanto, ele pode trazer muitas oportunidades.

 

They drew a correct conclusion. Nevertheless, the data were not analysed correctly.

Eles chegaram a uma conclusão correta. Contudo, os dados não foram analisados corretamente.

 

Existe uma diferença na modalidade de uso desses advérbios. Ao usar os advérbios “nonetheless” e “nevertheless”, damos um tom mais formal para a sentença. Alguns manuais indicam que “nonetheless” seria mais formal “nevertheless”, embora esta última seja mais antiga que a primeira em inglês. 

Essas palavras também podem ser usadas em outras posições, como no final da oração junto com “but” no início da oração, ou mesmo no meio da oração, como nos exemplos abaixo, todos retirados do Cambridge Dictionary Online.

 

There may, however, be other reasons that we don’t know about.

Pode haver, no entanto, outras razões que não conhecemos.

 

It was only a small donation, but it was gratefully received nonetheless.

Foi uma pequena doação, mas foi recebida de bom grado apesar disso.

 

I knew a lot about the subject already, but her talk was interesting nevertheless.

Eu já sabia muito sobre o assunto, mas a fala dela foi interessante apesar disso.

 

A palavra “however” pode ser usada com outros sentidos, com o significado de “não importa quão/quanto” ou “como quer que”, por exemplo. Vejamos os exemplos abaixo:

 

However tired I am, I’m going to finish that.

Não importa quão cansado eu esteja, eu vou terminar isso.

 

However busy he is, he is attentive.

Não importa quão ocupado ele esteja, ele é atencioso.

 

We can do that however you prefer.

Nós podemos fazer isso como quer que você prefira.

 

However much it costs,  I want to buy it.

Não importa quanto custe, eu quero comprar.

 

Os advérbios “even so” e “even then” têm a mesma semântica de “however”, “nonetheless” e “nevertheless”. Contudo, a construção é um pouco distinta. Geralmente, os advérbios “even so” e “even then” são usados junto com a conjunção “but” para tornar a oração mais enfática em expressões como “but even so/then” (“mas mesmo assim”). Elas também podem ser usadas sozinhas iniciando uma oração, embora seja muito mais comum o uso junto com a conjunção “but”. Vejamos os seguintes exemplos:

 

They begged him to stay, but even so he quitted the job.

Eles imploraram para ele ficar, mas mesmo assim ele deixou o trabalho.

 

I have already been shown how to use that. Even then, I haven’t learned anything.

Já me mostraram como usar isto. Mesmo assim, eu não aprendi nada.

 

I had given him instructions, but even then he didn’t manage to solve the problem.

Eu tinha dado instruções para ele, mas mesmo assim ele não conseguiu resolver o problema.

 

Muitos livros não dão a devida atenção ao uso e emprego das linking words que estudamos neste artigo e suas diferenças de uso em comparação com as palavras que estudamos no primeiro e no segundo artigos. Ao longo desses três artigos, pudemos observar que a construção da sentença quando usamos as conjunções “although”, “even though”, “though” e “albeit” não é a mesma que quando usamos as preposições “despite”, “in spite of” e “notwithstanding”, que por sua vez também são usadas em uma construção diferente de quando usamos as expressões adverbiais “however”, “nevertheless”, “nonetheless”, “even then” e “even so”, analisadas neste artigo. Entender os contextos gramaticais dessas 12 palavras é central para conseguir usá-las em frases que são naturais e gramaticais em inglês.

Ao apresentar as linking words, muitos livros trazem os usos dessas linking words de acordo com as diferenças semânticas, o que é naturalmente importante, porque precisamos saber a semântica dessas palavras para poder empregá-las. Contudo, é igualmente importante trazer os diferentes usos gramaticais dentro de cada divisão semântica. De fato, o estudo sistemático desses contextos gramaticais não apenas traz eficiência para o estudo, mas também é imprescindível no contexto de estudar uma língua estrangeira após a primeira infância e, portanto, após o período de aquisição de gramática simplesmente por imersão. 

Acreditamos que, ao estudar uma língua estrangeira, não podemos separar vocabulário de gramática. Esses dois aspectos devem ser aprendidos de forma conjunta e, de preferência, de forma personalizada de acordo com a língua nativa do aluno. Há uma motivação por trás dessa metodologia. Esses dois aspectos precisam vir juntos, porque não há nenhuma língua que tenha vocabulário sem uma gramática de uso por trás e essas gramáticas variam de língua para língua em maior ou menor grau. No contexto de aprendizado de língua estrangeira por adultos e adolescentes, precisamos levar em consideração os usos gramaticais de forma metodológica e sistematizada justamente porque nosso cérebro não é mais capaz de adquirir a gramática de uma língua por imersão. 

Não podemos esquecer que toda língua humana é formada, ao mesmo tempo, por um conjunto de palavras, que podem ser verbais ou não-verbais (línguas de sinais, por exemplo), e um conjunto de regras que regem os usos destas palavras. Gramática é inerente a qualquer língua humana, não existe língua humana sem gramática. O ser humano foi dotado de um dom fenomenal: na primeira infância, somos capazes de adquirir um sistema gramatical quando estamos imersos em uma sociedade. A beleza desse processo está em justamente sermos dotados dessa capacidade de forma natural. Pelo que tudo indica, outros animais conseguem apenas memorizar um conjunto finito de códigos e comandos determinados, sem uma gramática por trás. Com uma gramática adquirida, conseguimos expressar novas ideias nunca ditas antes, complexificando a comunicação, mas também aumentando seu poder comunicativo e de expressão.

Já afirmamos isto mais de uma vez, mas não custa relembrar. O fato de não conseguirmos adquirir uma gramática após a primeira infância não significa que sejamos incapazes de falar bem uma língua estrangeira, inclusive a um nível que poderíamos considerar ser equivalente ao nível de um nativo. O fato de não conseguirmos adquirir uma gramática apenas por imersão quer dizer apenas que a metodologia por trás do ensino de língua estrangeira para adolescentes e adultos devem levar em consideração esse fato e devem ensinar os aspectos gramaticais que podem divergir da língua nativa do aluno. Seria ineficiente também ensinar/aprender toda a gramática de uma língua, tendo em vista que automaticamente nosso cérebro tende a usar o sistema gramatical que foi adquirido na infância e que pode possuir diversas semelhanças com o sistema gramatical da língua que estamos aprendendo. De uma forma geral, quanto mais diferente for uma língua do ponto de vista gramatical (isso inclui as diversas áreas da gramática), mais tópicos gramaticais precisam ser estudados, já que haverá mais pontos divergentes. 

Para uma metodologia ser eficaz e ajudar os alunos no objetivo de alcançar a fluência, ela precisa dedicar um tempo ao ensino dos aspectos gramaticais, pois adolescentes e adultos não conseguem adquirir gramática apenas por imersão. Para esta metodologia, além de eficaz, ser também eficiente, ela precisa focar seus esforços nos aspectos divergentes, nos aspectos que vão causar mais dificuldades, e para isso precisamos de uma metodologia que leve em consideração a língua nativa do aluno e que seja, portanto, adaptada às dificuldades potenciais geradas pela interferência gramatical desta língua nativa em específico. Esta é a proposta da Inner Tree, ensinar inglês de forma eficaz e eficiente para os brasileiros, levando sempre em consideração as dificuldades específicas que os falantes nativos de português geralmente têm ao estudar inglês. 

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